quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A Religião dos sem religião

A Religião dos sem Religião

O Termo religião se origina do latim “religare” que significa religar. Religar o homem a Deus, trazer a tona o relacionamento que se perdeu, de um homem vazio com seu Criador. Pode-se assim dizer que esta foi a maneira mais adequada para tal reconciliação. No dicionário Aurélio encontramos a seguinte definição para Religião: 1.Crença na existência de força ou forças sobrenaturais; 2. Manifestação de tal crença pela doutrina e ritual próprios; 3. Devoção. Desta maneira podemos observar Religião por alguns ângulos diferentes, que em seus intercruzamentos, vão trazer até nós a concepção que até hoje é de forma obscura interpretada.
Trazendo tais definições para o Cristianismo de hoje, podemos analisar que os intercruzamentos acima mencionados acontecem sobremaneira a todo tempo. Já que usaremos o cristianismo como base de nosso estudo, vamos então procurar defini-lo para então seguir adiante e aprofundarmos. Segundo o mesmo dicionário, o popular Aurélio, Cristianismo define-se: O conjunto de religiões cristãs baseadas nos ensinamentos, pessoa e vida de Jesus Cristo. Em outra definição, concebida por John Stott, Doutor em Teologia e Pastor Evangélico, ele explicita que Cristianismo é o compromisso que temos com o Jesus ressurreto, reconhecendo sua vida como um projeto bem sucedido para a salvação do homem, uma obra redentora que permite um compromisso do homem integralmente com ele, entregando toda a nossa vida a Jesus.
Numa análise de tudo, que por bases definitivas até agora podemos comprovar, é que com o passar do tempo, todas elas foram se cruzando, formando um verdadeiro emaranhado de pensamentos e verdades.
Desde o período Medieval, chamado período das trevas onde a questão teocêntrica foi quebrada dando início ao período moderno com a ruptura de tais pensamentos pondo o homem no centro da fala do sofista Protágoras que o afirmava ser a medida de todas as coisas, tendo passado por Descartes entre outros modernistas, chegamos até hoje numa época chamada Pós Modernidade, onde nem mesmo Deus, ou o Homem ou Razão são pilares para conceber o mundo. Ou seja, passamos por inúmeros conceberes do Cristianismo até os dias de hoje. Na atualidade segundo o próprio John Sttot, verificamos uma geração afetada pelo pensamento pós moderno, com seus pilares fixados na secularização e relativização, levando a vida cristã hostil a Igreja e cordiais para com a pessoa de Jesus Cristo.
Gravíssima esta afirmação na qual podemos constatar sua veracidade. Certamente esta geração a qual me incluo, pensa no amor pregado por Cristo, numa vida regida pelo respeito ao próximo e amizades consistentes com o homem em seu Ser Humano. Existe nos dias de hoje, um descontentamento muito grande com a Instituição Igreja de nosso tempo, como já mencionado anteriormente, o Cristianismo avançou durante séculos, sendo atribuído e atribuindo diversas intensidades, afetando e se deixando afetar, pelas diversas transformações do pensamento humano. Algo tão influente como o tal, não poderia passar imune as mesmas. Foram desenvolvidos durante este tempo, pensamentos mais revolucionários como o de Lutero, outros mais conservadores como o de Roma, mas nenhum se sobrepôs a desinstituição da fé, talvez quem tenha chegado mais próximo disto tenha sido o próprio Lutero, em sua luta contra o poderio de Roma e suas indulgências e a favor da livre interpretação bíblica, desta forma chegando assim mais próximo do individuo, em sua época é claro. Hoje não poderia deixar de citar o Pastor Ricardo Gondim, este que conseguiu, com sua definição arrumar meus pensamentos afirmando que Jesus não tratou Igreja como Instituição, mas como comunidade, Igreja são homens e mulheres com um nobre estilo de vida, verdadeiro, consistente que chegam a inspirar seus pares a glorificar a Deus. Porém a fé Institucionalizada prossegue, a mudança só ocorre na Instituição, e o ser humano permanece encaixotado numa relação com Deus moderada por algum CNPJ e estatutos que seguem a afirmar que cada um é o mais fiel a interpretar a Bíblia Sagrada.
Dentre tantas institucionalizações de uma fé pregada por Jesus ser tão simples, logicamente alguém se cansaria de tudo isso. Sendo assim, volto a citar a geração hostil a Igreja e cordiais para com Jesus Cristo, geração esta que afirma não ter religião, mas que crê em Deus, geração que inclui cristão desgastados com esfera cristã em que viveram, onde seus líderes lhe ofereciam gaiolas enquanto Jesus, em seu Ministério nos ensina a ser livres. Vemos tantos pastores preocupados em equipar seus templos, que se esquecem de equipar os Santos, preocupam-se em obter títulos e acabam se esquecendo que não é ele mais que vive, mais Cristo em sua pessoa. Analiso os Congressos e vejo que na grande maioria dos conferencistas vão ali como mercadores, que transformam a palavra de Deus em mercadorias, outros criam até empresas para vender tudo isto, contando com “parcerias ministeriais” de sedentos que na verdade, deveriam ouvir tudo aquilo gratuitamente, pois não conheço um Jesus vendedor do Reino de Deus. Parece que voltamos aos tempos medievais, aquele tempo em que se vendiam Indulgências.
Sendo um pouco drástico, naquela época pelo menos vendiam lugares no céu, hoje se vendem vidas prósperas aqui na Terra. As pessoas são a cada dia convencidas que a marca da promessa de vida abundante, porém terrena, é mais importante que a marca de discípulo de cristo, pregador do evangelho puro e simples.
Diante destes fatos verificamos que tais pessoas, criaram uma nova Religião, a Religião dos sem Religião. Parece redundante mas não é. Estas pessoas tão machucadas e decepcionadas criaram para si, barreiras sobre tudo que se afirma vir de princípios religiosos, tentam voltar aquele Jesus que nada institucionalizou, homem simples que andava com pescadores, prostitutas, que pregava existir bons samaritanos e que seria impossível um cego guiar outro cego e que veio a este mundo para dar uma boa notícia que foi abafada por nós mesmos em nossas práticas cansativas e inconsistentes. Vivem a negar os princípios religiosos e ao mesmo tempo numa busca profunda de encontrar com seu criador. Toda criação geme por este momento, o momento do encontro com seu criador. Entendo que ainda maior que uma geração de hostis, existe uma geração de inconformados, geração que não aceita que o homem não se encontre com seu Deus, uma geração que tem o dever de levar a boa notícia, que tem a melhor forma de resistir a toda esta corrupção, que é apenas vivendo o que Jesus ensinou, apenas levantando os fracos, dando de beber aos que tem sede e não se aproveitar disso para se auto promover ou obter bens para esta vida. Vida com Deus é intimidade, é não esperar nada em troca, pois ser cristão é uma missão, devemos ter em nossa consciência que o nosso papel é veicular a palavra de Deus. Nossa missão é essa, levar o evangelho, e não nos vangloriar de nada e muito menos exigindo de Deus bens, porque somos servos e não podemos ser caudas, mas sim cabeça. Bem maior Jesus nos Deus, se dando em sacrifício vivo na cruz nos livrando da condenação eterna. O que mais você acha que deve cobrar de uma pessoa como esta? Devemos sim, tentar re-significar o evangelho esquecido por gerações. Transformar aqueles que afirmam não ter religião por estarem decepcionados com a Instituição. Afirmo que estes são mais honestos que muitos ditos cristãos, mas ao mesmo tempo, são servos em potencial que recebendo o treinamento adequado tornar-se-ão guerreiros que conhecem a guerra e que definem a coragem não num simples ato, mas em sua causa.



Paulo Adilson dos Santos Filho Educador e Filósofo

7 comentários:

  1. O que mais esperar de um mundo capitalista e individualista?? Certamenta todo esse caos que cerca a religião atualmente!! O artigo retratou pefeitamente a situação da "instituição" e como ela está colocada no mundo. O que me espanta é que ao invés de confrontar esse valores capitalistas, a igreja tem cada vez mais se aliado e se subjulgado a eles, gerando uma espécie de "capa"; por fora todo o espetáculo da religiosidade e por dentro todo o interesse sórdido.

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  2. Concordo com você Julianne, como relatei no artigo, precisamos re-significar o evangelho, pois na minha opinião é a maneira de resistirmos a séculos de omissão.

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  3. Priemiramente, gostaria de agradecer a oportunidade de comentar e descerver muito do que penso a respeito desse rico e muito interessante tema.
    Nós primeiros parágrafos Paulo define muito bem o que é ser realmente cristão e o que é realmente a doutrina cristã, ou o que deveria ser. Uma ligação entre Criador e Criatura, uma vez dada pelo nosso Senhor Jesus por meio de sua morte ao Deus, Criador de todas as coisas.
    Depois faz uma grande crítica ao que pela segunda vez denuncia como perdido, o foco que era seguir a Cristo os seus ditos,e buscar ter uma ligação com DEus. Vejo igrejas católicas, com grandes templos, Pintados, com ouro, prata e tudo mais, porém vazio de DEus. Erro cometido uma vez, por aqueles que se diziam seguidores de Jesus, haja a vista homem que negava qualquer tipo de vaidade. Muitas dessas vaidades, nesses templos foram questionadas na Reforma cristã, porém muitos dias após o mesmo erro está sendo acometido por aqueles que dizem também ser seguidores de Cristo, com suas megas igrejas cheias de muitas coisa, talvez sem o que é mais importante o Amor de Cristo.
    Por fim, quero que analisem bem esse comentario, não como uma crítica infindável, mas como fonte de reflexão e de reforma. Quero manifestar este mesmo sentimento, um sentimento revolucionário, porém não covarde, revolucionário no sentido de mudar doutrinas, e tornar ao curso que deva ser o único que é " Amar a Deus sobre todas as coisas e ao p´roximo como a si mesmo.
    Procure mudar as coisas pelo espírito de DEus que está em você, e não deixe que essas coisas o desanime e até te desvie do Senhor, mas que isso sirva como estímulo para mudar a vida dessas pessoas e levar cristo a tantas pessoas que precisam. Abraço !

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  4. Pessoal, muito obrigado por estarem aqui, postando comentários.Lembre-se que é assim que se faz!Compartilhando, construindo, re- construindo e prosseguindo.
    Aquele abraço!

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  5. Paulinho, para melhor compreender o porquê da "comunidade dos sem comunidade", voltemos então aos tempos de Jesus o Cristo, que criticou os hábitos dos fariseus e publicanos em sua época e nunca quis assumir mérito de porra nenhuma, colocando sempre sua causa maior (Deus) a frente de todas as outras. Considerando que se as concepções de “paz e amor” do cara não tivessem sido tão importante para nossa cultura ocidental, certamente nosso calendário não se dividiria o utilizando como centro de referência.

    O que fez este certo “barbudo” pra ser crucificado? Perguntei-me numa dessas primeiras leituras mais atentas que fiz dos evangelhos. Simples: o “cara” apenas quis fazer valer, ao pé da letra as Leis e Mandamentos que já estavam ali a mais de, sei lá, 5000 anos, passando por cima de uma tradição estabelecida. Claro que, a maioria daqueles “profetas” que existiram antes dele foram mortos pela própria hipocrisia da “Casa de Israel”, segundo o Cristo. Em outras palavras ele disse que os mandamentos e leis de Deus sempre estiveram ali, com muita coerência em se tratando do bem estar coletivo. Mas ninguém quis ter uma sacada diferente, isto é, até este barbudo chegar com disposição pra morrer e ser preso, ou alguém acha que é possível ferir outrem sem expor sobre si a possibilidade de também ser ferido? E o que seria de nós sem alguns barbudos, heim?

    E hoje, será que os "cristãos" não perceberam que se Jesus estivesse aqui acabaria, primeiramente com as Igrejas, ou, pelo menos, com a forma como ela se organiza? Vocês não pensam que ele também “meteria o malho” em Paulo, Tiago, João e etc.? Por terem pego suas palavras e desenvolvido manuais práticos da fé, doutrinas?

    Certamente tais apóstolos deturparam e impregnaram de “medidas provisórias” a mensagem central de Jesus, até porque é difícil pacas “amar ao próximo como a si mesmo”, “dar a todo que pedir e estiver necessitado”, “não julgar para não ser julgado”, etc. Mas se um mendigo ou favelado lhe estende a mão em uma marquise qualquer de Banco, o “cristão contemporâneo” apressa-se logo, para eximir-se da culpa, de julgar que ele não precisa ou de que poderia estar trabalhando para tal.

    Porém, atualmente, o papo mais “pop” é o da “prosperidade”. Ainda mais em uma época em que a “cuíca toca” no sentido das conquistas individuais, da busca pelos lucros e investimento, estabelecidas por nossas práticas econômicas capitalistas. Lembrando que na época de Cristo não se praticava tal lógica econômica e de que o único “investimento” permitido era a conquista “dos galardões do Reinos dos Céus”.

    Mas geral vai na onda de que somos “filhos do Dono do ouro e da prata”, aleluia, irmãos? Porém Cristo foi enfático de que o “nosso” tesouro encontra-se no “outro mundo”. Em que Igreja no dias atuais Jesus se encontra, isto é, o cumprimento de suas palavras, que são a “vida”? Por experiência, já vi Moisés, Paulo, Tiago, João, o escritor do livro de Hebreus e etc. Mas Cristo, onde se encontra?

    Atualmente eu não sei, mas segundo os evangelhos, sei que ele curtia uma “cena underground” e andava com as prostitutas e os “cachaceiros”, pois gostava muito de tomar vinho – ou seja – gostava de álcool. Andava com os “doentes” de corpo, como os leprosos que assim como as mulheres menstruadas (fluxo de sangue) eram vítimas de preconceito social. Sei, pelos evangelhos que Cristo andava e conversava com as mulheres, sendo importante lembrar que o machismo criticado por Ele quanto às tradições de Moisés foi “relido” por Paulo, João e Tiago e por aí vai. Como o “homem pode ser a cabeça da mulher” se cristo ensinou que devemos ser iguais, “importando que o servo seja como o senhor” e que não “estabelecêssemos hierarquia entre nós. Putz... a “galerinha” que costuma prestar “culto” a “Deus” nas Igrejas está perdida, mas pensa que está “achada”... rs.

    Mas vamos montar uma nova igreja! Né? Afinal, “se importa ao servo ser como o senhor e o senhor como o servo” e J.C. pede para que ninguém seja mestre entre eles, mas todos irmão, tendo o Pai Celestial como bem comum, quero sabem até hoje onde se justifica nos evangelhos a presença dos pastores de igrejas? Sei que nas “ladainhas” “farisaicas” atuais, os “padres”, “papas”, “bispos”, “pastores”, presbíteros, “diáconos”, “missionários” e etc., preferiram seguir a “cartilha” dos apóstolos e hierarquizar “o reino dos céus”. Atualmente estas pessoas fazem o que podem para manter seus “empregos” e “status”, mas não se preocupam em tentar compreender os evangelhos de Cristo, mas estabelecem inúmeras “Viagens metafísicas” com as palavras e “ensinamentos” dos Apóstolos. E por falar em apóstolos, pensei que só tivessem existido, a nível simbólico, aqueles “das antigas”, mas quem nomeou esse tal de Miguel Ângelo e aqueles da igreja Renascer em Cristo?

    Acha a análise pesada? Então me fale dquele papo de que "não devemos acumular tesouros neste mundo", “de que o rico só herda o Reino dos Céus se largar tudo, dar aos pobres e seguir a Jesus, carregando sua Cruz”e “não ficarmos ansiosos quanto ao futuro”, fica aonde? É brabo né?

    “Disse Jesus: Duras são estas palavras, quem poderá as ouvir".

    Então me deixe pegar da bíblia apenas o que me interessa, vai?

    Gosto do “papo” de Cristo, mas detesto esse “cristianismo” que hoje é praticado. Quer seguir a Cristo hoje em dia? Quer ser seu discípulo? Leia os evangelhos, entre nas “igrejas” para “meter o malho nas tradições”, como fez Cristo, tome sobre si sua Cruz e o siga. Simples assim. Mas se quer apenas boas sensações, torne-se membro de igreja, participe do ministério de louvor e grupo jovem, financie um missionário e exima-se do seu dever direto e individual de falar sobre a vida de Cristo, faça prolongadas orações em público (como foi criticado por J.C) e vá para o inferno, chio de sua hipócrita e segregadora “unção”!

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  7. Congratulações. O blog é uma ferramenta da atualidade que deve ser instrumento de disseminação do conhecimento. Paulo Adison, um servo de Deus e um amante do conhecimento está trabalhando arduamente para transformar paulatinamente o perfil maculado da juventude cristã. Mocidade esta, certamente preocupada com as frivolidades, futilidades e vãs doutrinas. Entretanto, o IDE e o NÂO VOS CONFORMEI COM ESTE MUNDO serão o alicerce, creio eu, deste blog. Abraços, Lidiana Blanh.

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